quinta-feira, 10 de janeiro de 2008


A INIGUALÁVEL

"Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de cetim...
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...

E tão febril e delicada
Que não pudesses dar um passo
-Sonhando estrelas, trantornada,
Com estampas de cor no regaço...

Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas -Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...
Ah! que as tuas nostalgias, fossem guizos de prata

-Teus frenesis, lanjoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...
Teus beijos, queria-os de Tule,
Transparecendo carmim
-Os teus espasmos de seda...
- Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor por mim..."

Mário de Sá Carneiro

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